No contexto de Indústria 4.0, muito se discute sobre o ganho de produtividade que ocorre com a performance de novas ferramentas tecnológicas que, a cada dia, são aperfeiçoadas para renderem mais em menos tempo.
Se no quesito de desempenho as tecnologias 4.0 resultam em impactos benéficos, nas questões sustentáveis a situação é mais delicada. A relação entre Indústria 4.0 e sustentabilidade desencadeia uma série de pontos, que devem ser explorados, acerca do papel dessas novas ferramentas, para contribuir com práticas sustentáveis que utilizem menos recursos naturais e energias não renováveis.
Mesmo após a realização de diferentes acordos internacionais, integrando as maiores potências mundiais, o cenário não é otimista. Os gráficos e estudos expressam dados preocupantes, tornando evidente a necessidade de soluções emergentes que apresentem maneiras de reverter esse quadro.
A indústria tem grande participação nesse processo. Especialistas apontam a extração de recursos naturais não renováveis, que ocorre nas grandes fábricas, como uma das ações que mais danificam a atmosfera, impactando negativamente o meio ambiente. Além disso, os impactos ambientais dos produtos industriais não se restringem ao portão da fábrica. Todo o ciclo de vida dos itens deve ser levado em consideração nesse processo, que envolve a extração da matéria prima não-renovável, o consumo de energia, o descarte e a logística reversa. Cada etapa tem um papel importante e pode ser prejudicial ao planeta se não for tratado de maneira adequada.
Com os avanços consideráveis em todos os setores da Indústria nas últimas décadas, amplificou-se a preocupação em desenvolver dispositivos e soluções inteligentes que sejam sustentáveis e não prejudiquem o meio ambiente. A evolução presente na Indústria 4.0 torna possível a otimização do uso energético de novos equipamentos.
Esse progresso, no entanto, também trouxe consigo novos problemas, que demandam inúmeras discussões, abordando ações imediatas para lidar com a situação. Uma dessas questões é o fato de que há um número cada vez maior de dispositivos que possuem displays, baterias e processadores que são compostos por metais raros, como gálio e cobalto, por exemplo. Outro fator que chama a atenção para esse assunto é a impossibilidade de reciclar os componentes, devido à miniaturização dos dispositivos, o que os tornam descartáveis.
Ainda que os metais sejam utilizados em pequenas quantidades, o número alarmante de smartphones, tablets, computadores e outros aparelhos torna a situação preocupante. Segundo dados divulgados pela Cisco, o Brasil terá mais de 720 milhões de dispositivos conectados em 2022, o que representaria, hoje, cerca de três aparelhos por pessoa. Multiplicando esse número em escala global, nota-se que a quantidade é expressiva e tem seus efeitos no meio ambiente.
Dessa maneira, um dos grandes desafios é fazer com que a utilização de dispositivos inteligentes, com suas características inovadoras, tenha um grau de eficiência que possibilite o desenvolvimento de soluções que amenizem os efeitos negativos originados na concepção desses mesmos aparelhos.
Para isso, é necessário um esforço a longo prazo das empresas em modernizar sua infraestrutura, tornando-as sustentáveis, com eficiência aumentada no uso de recursos e na adoção de tecnologias e processos industriais limpos e ambientalmente corretos. É preciso, também, fortalecer a cooperação internacional, para que todos os países atuem de acordo com suas respectivas capacidades.
As novas tecnologias que surgiram com a quarta revolução industrial apresentam um grande potencial no desenvolvimento de práticas que podem atuar diretamente nos problemas ambientais. A economia de energia, possibilitada por essa nova fase da indústria, é um dos resultados dessa transformação. Falamos sobre soluções inovadoras em energia em outro artigo. Confira.
A situação atual do planeta, sob o ponto de vista ambiental, é preocupante, porém ainda existe a possibilidade de reverter esse cenário. Nesse sentido, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, é indispensável a participação de governos com ações para combater a deterioração do meio ambiente. Uma das formas de se desenvolver práticas sustentáveis é por meio da elaboração de acordos, entre a Indústria e o Estado, que tratem sobre fatores ambientais.
A relação entre Indústria 4.0 e sustentabilidade não costuma figurar entre os temas mais debatidos no ambiente acadêmico, nos meios de comunicação ou no setor industrial. Difundir ações que estimulem a popularização da causa e destaquem o grau de importância de se discutir sobre o tema são essenciais para a conscientização.