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UFRJ e empresa chilena firmam parceria para produzir plásticos biodegradáveis no Brasil - RMAI

UFRJ e empresa chilena firmam parceria para produzir plásticos biodegradáveis no Brasil

Apoiadora de mais de 10 universidades pela América Latina, a startup chilena Bioelements renova contrato com a UFRJ para avanço na produção de plásticos biodegradáveis

Por Sofia Jucon

Há dois anos no Brasil, a startup chilena Bioelements, dedicada à produção de alternativas sustentáveis ao plástico convencional, acaba de renovar sua parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) por mais dois anos para a produção de plásticos biodegradáveis.

A aliança se iniciou em 2021 com o objetivo de validar os produtos de acordo com as normas de biodegradação e condições ambientais presentes no Brasil, além de investigar e validar o comportamento dos materiais da empresa em condições hemolíticas e citotóxicas.

Outras instituições apoiadas pela empresa são a Universidad Católica de Chile (UC), Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), Universidad Agraria la Molina no Peru, e Universidad de los Andes na Colômbia. Ao todo, são mais de 30 alunos diretamente envolvidos nos estudos de soluções biodegradáveis.

Desenvolvimento de plásticos biodegradáveis

“Na Bioelements, buscamos gerar alianças com renomadas universidades e entidades certificadas nos países em que operamos para impulsionar o desenvolvimento contínuo da inovação e sustentabilidade. Acreditamos que as empresas podem financiar projetos de estudos em universidades ou trabalhar em conjunto em áreas de interesse mútuo, o que pode gerar avanços significativos”, afirma Ignacio Parada da Fonseca, CEO e fundador da Bioelements.

O executivo também defende que o vínculo entre as empresas e as universidades impulsiona o desenvolvimento econômico e a formação de talentos, enquanto aborda desafios reais e promove o avanço da sociedade sob a ótica da área estudada.

“A universidade tem um papel extremamente importante na transferência de conhecimento para a sociedade, e isso se dá por meio de parcerias com outras organizações, como o caso da Bioelements. Nos experimentos que fizemos de compostagem de seus produtos em solo – com normas oficiais – foi comprovado que após 90 dias não havia mais resíduos. Esse é um diferencial de extrema importância para o ambiente e saúde humana”, comenta a Dra. Alane Beatriz Vermelho, Professora Titular da UFRJ.

Dra. Alane também pontua que esse tipo de parceria é benéfico tanto para as universidades e empresas como a Bioelements. A universidade transfere o conhecimento gerado em benefícios para a sociedade através da parceria com o setor produtivo representado pelas empresas. Parceria na forma de desenvolvimento de projetos de inovação ou prestação de serviços, o que gera novos recursos para a pesquisa.

O uso de polímeros biodegradáveis para confecção do bioplástico é um dos grandes diferenciais da startup com certificação de Empresa B, e que atua em sete países: Chile, Brasil, Colômbia, Peru, México, Argentina e Estados Unidos. Suas soluções estão presentes nos setores alimentício, não alimentício, varejo e agro.

Quem participa do projeto

A atual equipe da UFRJ que está à frente da iniciativa com a Bioelements é composta por estudantes que já possuem Mestrado e Doutorado, e se dedicam à Pesquisa e Desenvolvimento em Biotecnologia. No momento, o centro de pesquisas da universidade, o Laboratório Bioinovar, conta com a participação de 22 alunos de diferentes áreas, como Farmácia, Microbiologia, Engenharia de bioprocessos, Química e Biomedicina.

“Todos os projetos P&D da UFRJ são ligados à formação de Recursos Humanos. O contato da academia com empresas pode, inclusive, marcar uma mudança na carreira dos participantes, ao despertar o interesse pelo empreendedorismo, por exemplo”, pontua Alane. Segundo a Dra., isso só é possível quando há a interação entre as empresas e as universidades, gerando novos desafios para os estudantes e fomentando novas habilidades e discussões acerca de demandas reais que exigem uma solução.

Principais resultados obtidos

No primeiro ano da parceria, os estudos da UFRJ foram dedicados à verificação da biodegradabilidade dos bioplásticos da empresa. “Considerando o cenário atual em que anualmente são descartados mais de 380 milhões de toneladas de plásticos convencionais sendo a metade de plásticos descartáveis,  as pesquisas sobre soluções biodegradáveis são de extrema importância para a sociedade, pois são alternativas para minimizar os riscos de contaminação aos quais estamos expostos”, completa Dra. Alane Beatriz Vermelho.

Questões como mudanças climáticas decorrentes de emissão de gases tóxicos e contaminação de solo e água reforçam a urgência de alternativas ecologicamente corretas para o meio ambiente, ainda segundo a especialista.

Novos desafios

Além de continuar os estudos sobre a biodegradação, no novo ciclo da parceria da UFRJ com a Bioelements, as pesquisas também irão focar na síntese de novos bioplásticos que se adequem na composição de produtos sustentáveis, biodegradáveis e não tóxicos, que podem ser obtidos por meio de bioprocessos. “Os bioprocessos estão em posição de destaque na indústria internacional atualmente, apresentando um crescimento superior a 100% nos últimos dois anos. Isso porque torna possível alcançar resultados em quatro dias usando a microbiologia em um ambiente controlado e sem nenhum desgaste ambiental”, reforça.

Além da visão ecológica, a Bioelements possui foco econômico e social e, consequentemente, um triplo impacto. Por meio da economia circular, a empresa devolve os recursos utilizados à natureza graças à biodegradação das embalagens, devido ao fato de os nutrientes serem devolvidos à terra através deste processo; nutrientes esses que, inicialmente, foram utilizados na elaboração da resina e do bioplástico, formando um ciclo. Ademais, são reutilizadas plantas e equipamentos de produção de plástico convencional para os bioplásticos, o que ajuda a manter empregos e evitar o fechamento de fábricas.

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