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Região Amazônica terá o primeiro porto sustentável certificado AQUA no Brasil - RMAI

Região Amazônica terá o primeiro porto sustentável certificado AQUA no Brasil

A partir da conquista da certificação, o SuperTerminais - “Green-Port” demonstra publicamente sua sustentabilidade

Por Sofia Jucon

A Amazônia está no centro dos debates globais sobre meio ambiente. Assim é urgente que as atividades econômicas na região tenham o desenvolvimento sustentável em simbiose com a natureza. Um exemplo é o terminal portuário Super Terminais — “Green-Port”, que acaba de conquistar a certificação desenvolvida pela Fundação Vanzolini, com apoio da Universidade de São Paulo, AQUA (Alta Qualidade Ambiental) e aplicada pela Fundação Vanzolini. É o primeiro porto em operação no Brasil a obter o reconhecimento de um dos principais sistemas de avaliação de desempenho ambiental do mundo.

De acordo com Manuel Carlos Reis Martins, coordenador executivo da certificação AQUA, “foi uma certificação pioneira, concedida pela Fundação Vanzolini, por meio de avaliação e auditoria rigorosas, que constataram o excelente trabalho das equipes do terminal e da consultoria especializada dos professores do Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária (Cilip), da Universidade de São Paulo (USP). Com isso, o Super Terminais – “GreenPort” demonstra, nas práticas das suas operações portuárias, seu compromisso quotidiano com os objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e com os princípios ESG, de modo exemplar”.

Certificado AQUA

Para obter os resultados, em desempenho ambiental e sustentabilidade, o Super Terminais – “Green-Port” aplicou medidas que são revertidas na preservação do bioma amazônico. Entre elas, desenvolve um rigoroso programa de gestão que avalia de forma constante o gerenciamento de resíduos e de efluentes, a educação ambiental, o controle de vetores, a limpeza dos reservatórios, o monitoramento e controle de ruídos, a contingência de saúde, o gerenciamento de riscos, de emergência individual e de cargas perigosas.

O coordenador do Cilip-USP, João Ferreira Netto, explica que o complexo comprovou, por meio de estudos da qualidade da água, que seus terminais praticamente não afetam a fauna e flora aquática do Rio Negro. “Eles possuem uma estação de tratamento de efluentes orgânicos que despeja no rio água limpa, 100% tratada. Essas e outras medidas de gestão ambiental fazem com que sejam um dos mais avançados na proteção do bioma amazônico”.

 Soluções sustentáveis

Para evitar desastres ambientais o Super Terminais – “Green-Port” possui planos de contenção para acidentes, como possíveis vazamentos de óleo dos navios. Para isso, o porto constituiu uma brigada própria e contratos com empresas especializadas e treinadas para prever ou conter com eficácia e rapidez eventuais vazamentos em caso de acidentes. Os protocolos de segurança do terminal estão em plena aderência com os pré-requisitos de legislação da Organização Marítima Internacional (OMI IMO).

Outro fator importante na redução de danos ambientais é que o Super Terminais – “Green-Port” não oferece às embarcações que atracam em suas instalações os serviços de limpeza de cascos, do convés ou a opção de descarte de efluentes e resíduos no local. Essa medida evita possíveis impactos na qualidade da água do rio, o que é importante para a preservação do meio ambiente.

“Entre as soluções de sustentabilidade encontradas, destacamos o uso de energia renovável, por meio da utilização de veículos e guindastes elétricos; além disso, nos comprometemos a investir no uso de energia limpa nas áreas de armazéns e de iluminação para o prédio administrativo por meio de um projeto de iluminação fotovoltaica buscando continuamente melhorarias para ampliar a segurança dos funcionários.”, diz Marcello di Gregorio, Diretor-Geral do terminal.

O controle de emissões de gases poluentes, responsáveis pelo efeito estufa, é também um item de grande importância para os gestores do porto. Umas das ações foi realizar a melhor organização para a recepção dos caminhões, para que não fiquem ligados em fila, emitindo gases, enquanto aguardam para carregar ou descarregar.

Vantagem natural

Na altura do Rio Negro, onde está localizado o porto, há uma profundidade de 35m na seca e de 50m na cheia. Essa característica natural favorece a sustentabilidade, pois evita a necessidade do processo de dragagem do solo para a contenção do nível do calado. Algo que em outros portos gera grande impacto ambiental.

O Super Terminais – “Green-Port” é um dos principais operadores de cargas conteinerizadas, cargas de projetos e cargas soltas para exportação e importação de produtos do Zona Franca de Manaus. Está entre os três maiores terminais portuários da cidade e, em termos de volume, movimenta cerca de 200 mil Teus por ano. O porto emprega mais de 400 funcionários e completa 27 anos de existência com grande experiência no mercado de transporte e logística.

AQUA — Instalações Portuárias

Na Fundação Vanzolini, o curso sobre Gestão de Operações Portuárias trata dos aspectos fundamentais de análise e desenvolvimento de projetos e operações de terminais portuários. Das 14 categorias da certificação AQUA-HQE Portos, o Super Terminais – “Green-Port” obteve nível considerado como “melhores práticas” em 8. “O terminal investiu em vários processos e foi feito todo um trabalho para melhorar a operação e atingir esse nível de excelência”, ressalta o professor Ferreira Neto

O Referencial de Certificação AQUA — Instalações Portuárias inclui requisitos de um sistema de gestão de portos — SGP e critérios e indicadores de desempenho ambiental e de qualidade de vida para a avaliação desse tipo de construção. Os indicadores de desempenho da Qualidade Ambiental para Instalações Portuárias (QAIP) se estruturam em 15 categorias (conjuntos de exigências), agrupadas em 3 temas: Vida Social e Econômica, Qualidade de Vida e Meio Ambiente e ao todo engloba mais de 300 itens a serem avaliados. Entre eles, aspectos como “O porto e seu entorno”, “Segurança Patrimonial”, “Canteiro de Obras”, “Resíduos”, “Ambientes Naturais e Ecossistemas”.

A visão holística da certificação não estabelece exigência de soluções preconcebidas de projeto ou de materiais, mas os critérios de desempenho estabelecidos nas 15 categorias exigem a demonstração e comprovação que, desde as fases iniciais de planejamento e projeto, foram adotadas medidas ambientais para assegurar, por exemplo, que não haja impacto na atividade pesqueira; na qualidade do ar e da água, seja para trabalhadores ou para atividades recreativas ao redor; que sejam minimizados os impactos ambientais, como ruído e vibração; que reduzam os riscos operacionais e de segurança portuária; e que garantam a expansão do porto de forma sustentável, entre outras medidas.

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