Em meio a um mercado de trabalho que vive constantes e aceleradas transformações, potencializadas nos últimos anos, as empresas tiveram a eficiência dos seus processos colocada à prova. Além de enfrentarem o desafio de se manter economicamente viáveis, resgatar a sinergia entre empresa e pessoas tem se tornado assunto nas reuniões diárias da alta gestão.
Em paralelo a este movimento, a implantação de políticas ESG, sigla em inglês para as palavras Environmental, Social e Governance (meio ambiente, social e governança), tem se popularizado. Na corrida contra o tempo, levando em consideração o cenário mundial, é possível observar crescimento no número de empresas que se comprometem com questões socioambientais e têm gerido seus processos com maestria em território brasileiro. EDP e CPFL, do setor elétrico, e Suzano, do setor de papel e celulose, por exemplo, ocupam posições no top 10 do ranking das melhores empresas com valores ESG no Brasil, promovido pela B3, bolsa de valores oficial brasileira, seguindo o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE).
“Percebemos uma dedicação maior das empresas quando o desejo é comunicar a filosofia da corporação aos colaboradores, fornecedores e clientes através dos espaços de trabalho. Nunca foi uma questão somente estética, mas, hoje, autenticidade é exigência. A mudança física é acompanhada de novas práticas culturais e comportamentais, exigindo uma gestão cada vez mais criativa, dinâmica e atualizada”, comenta Erica Prata, diretora de Operações da AKMX Arquitetura e Engenharia.
Políticas ESG
A implantação de políticas ESG e também os novos modelos de gestão precisam ser alicerçados por uma relação sincera com colaboradores, fazendo com que todos se sintam peças importantes de “um mesmo barco”, apesar dos diferentes cargos e hierarquias que possuem. Essa necessidade é destacada por Brett Hautop, que ocupou durante quase dois anos a vice-presidência de departamentos de Workplace do LinkedIn, em um artigo sobre trabalho híbrido, publicado nesta mesma rede profissional, enumerando considerações que ele elegeu como principais para esse “clima” ser absorvido com sucesso.
“Você deve encontrar maneiras de se comunicar com seus funcionários e lideranças para ajudá-los a entender que vocês estão juntos nisso. Que você terá muitos solavancos nessa estrada ao longo do caminho e que está pedindo a eles que o ajude a aprender à medida que avança. Seja claro sobre suas intenções. Compartilhe seus medos quanto à sua compreensão e perdão, mas seja firme em seu compromisso com sua missão e visão e procure trazê-los junto com você”, ressalta o especialista, que hoje é sócio-fundador da Workshape, uma consultoria profissional autodefinida em seu site como “uma nova vertente nascida em um momento de mudança existencial na história do trabalho”.
Muitas companhias cometem o erro de acreditar que apenas promover melhorias na qualidade dos seus espaços físicos é o suficiente para que passem a ser consideradas organizações que implementam uma filosofia de vanguarda. A evolução dos ambientes, quando necessária, deve ser compreendida como um dos fatores do processo de mudança.
“Na prática, a filosofia empresarial deve ser percebida nos espaços, hábitos e discursos da empresa e seus colaboradores. É esse estilo de vida no trabalho que justificará quais e como serão os ambientes de determinado escritório: se terão salas de reuniões convencionais e espaços abertos para conversas rápidas como complemento, cubos telefônicos, um grande lounge como recepção ou uma arquibancada para grandes reuniões. O mais importante é que, durante o processo, todos se sintam colaboradores da mudança, inicialmente física, mas, em breve, comportamental”, comenta Erica Prata da AKMX.
Ao analisar as opções de modelos de trabalho que podem ser adotados pelas empresas, Brett Hautop, por sua vez, alerta que, antes de se assumirem publicamente como praticantes de uma nova cultura organizacional, as corporações devem primeiro oferecer as condições estruturais mínimas necessárias que permitam que elas possam justificar, de fato, esse status.
“Crie os espaços, a tecnologia e as ferramentas para facilitar o trabalho e, depois, publique/compartilhe/comercialize as melhores práticas, histórias de sucesso, lições aprendidas. Procure equipar os seus funcionários e times com as ferramentas de que precisam para serem as versões mais bem-sucedidas de si mesmos”, aconselha o especialista.