Apesar da referência de transformação ESG vir das grandes corporações, o papel das micro e pequenas empresas é essencial para alcançarmos a tão desejada prosperidade – para as pessoas e para o planeta.
Extrair ou adquirir recursos, transformá-los e disponibilizá-los em forma de produtos ou serviços é a operação básica para geração de lucro em qualquer negócio. Agora reflita – “Como continuar tendo lucro se não houver mais recursos?”
Segundo João Paulo Figueira, gerente de Desenvolvimento Sustentável da Special Dog Company, é aí que entra ESG, uma das siglas mais pesquisadas e estudadas do momento.
“Primeiramente, vale entender o que significa cada letra do acrônimo “ESG”. A sigla vem do inglês Environmental (Ambiental), Social (Social) e Governance (Governança) e passou, aos poucos, a ser usada no lugar do termo Sustentabilidade em diversos fóruns de discussão, relatórios e pesquisas. Tornou-se uma forma de se referir ao que empresas e entidades estão fazendo para serem socialmente responsáveis, ambientalmente sustentáveis e administradas de forma transparente e ética”, informa.
ESG nas micro e pequenas empresas
O executivo avalia que ao que tudo indica, esse movimento veio para ficar e tende a ampliar sua esfera de importância, inclusive para as micro e pequenas empresas, visto o grande crescimento e relevância do ESG junto a instituições financiadoras e consumidores. “Ou seja, além de ser uma tendência, adequar-se ao ESG passa a ser cada vez mais um pré-requisito de competitividade e sobrevivência no mercado.
Figueira lembra que a sociedade passou a demandar que as empresas assumam a responsabilidade de solucionar os principais desafios que geram desigualdade social e prejudicam o planeta. O consumidor, em especial a geração Z (nascida após 2000), considera cada vez mais relevante o posicionamento da empresa da qual consome em relação à preservação ambiental, à responsabilidade social e à forma como escolhe e trata seus colaboradores.
Esta tendência, já identificada há décadas, teve o seu crescimento intensificado por fatores como avanços tecnológicos, a expansão das redes sociais, por crises econômicas e ambientais, tendo ganhado maior impulsão ainda com a pandemia da Covid-19. “A crise sanitária mundial nos fez rever hábitos, tomar consciência de problemas antes ignorados e nos obrigou a reinventar nosso dia a dia”, salienta Figueira.
No Brasil, mais de 70% dos consumidores maiores de 18 anos com poder de compra querem que a iniciativa privada adote práticas menos agressivas ao meio ambiente e mais de 60% desejam que essas empresas estabeleçam metas para tornar o mundo melhor (Pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2020, Instituto Akatu & GlobeScan).
Uma nova economia, com foco em gerar impacto positivo, está surgindo. E essa transformação engloba a todos: sociedade, governos, instituições e empresas, da micro a multinacional.
“Classificar ESG como risco ou oportunidade é uma questão de tempo de reação – aos conscientes e proativos, a oportunidade, aos céticos, o risco”, afinal, o futuro se movimenta agora!”, destaca o executivo.
Conheça abaixo o que representa cada pilar do ESG:
PILAR E
Avalia o desempenho de instituições em questões como emissões de gases de efeito estufa, consumo de recursos naturais e descarte de resíduos.
Sem precisar realizar grandes investimentos, as empresas podem, pode exemplo, começar um processo de coleta seletiva e outro direcionado ao descarte de resíduos de sua produção. O descarte de resíduos eletrônicos, como cartuchos e equipamentos velhos, também merece a atenção.
PILAR S
Inclusão, diversidade, engajamento, formação profissional, direitos humanos, relação com as comunidades, responsabilidade com os clientes, direitos do trabalhador, boas políticas e relações de trabalho são algumas das questões ligadas à letra S, que compõe a sigla ESG. De forma mais simples, implementar boas práticas sociais significa cuidar das pessoas.
PILAR G
Transparência, políticas claras e justas, estrutura de gestão eficaz, anticorrupção e ética são alguns temas levantados pela perspectiva ESG dentro do “G”, de Governança Corporativa. Especialistas dizem que a Governança é a base do ESG e que não há “E” ou “S” se não houver o G.
Para exemplificar o conceito, veja algumas práticas de ESG que podem ser implementadas também nas micro e pequenas empresas:
- Seleções e contratações de colaboradores mais amplas e transparentes;
- Criação de políticas de transparência;
- Oportunidades para redução de desigualdades;
- Incentivar a criatividade e a inovação;
- Promover ações de comunicação interna que reforcem a motivação, a importância e os benefícios da sustentabilidade;
- Capacitar líderes para que disseminem o conhecimento para suas equipes;
- Equipe diversa e ambiente inclusivo;
- Produzir menos lixo e encontrar novas formas de descartá-lo;
- Utilizar embalagens sustentáveis;
- Economia de recursos e consumo consciente;
- Compensação da emissão de carbono;
- Uso de energia sustentável e limpa;
- Documentar e compartilhar avanços, novas práticas e resultados;
- Participação ou criação de programas de responsabilidade social.
De acordo com Figueira, para as micro e pequenas empresas aplicar o ESG no ambiente de trabalho, além de contribuir com os vários pilares importantes para a sociedade e o meio onde estamos inseridos, também contribui com que mais pessoas se conectem aos mesmos ideais e sejam atraídas para perto de sua empresa.