Um dos evidentes efeitos nocivos das mudanças climáticas, as recentes ondas de calor registradas em pleno inverno motivaram novas discussões sobre o assunto no âmbito nacional. A conclusão de especialistas é de que o País segue atrasado na mitigação das consequências do atual modelo de desenvolvimento econômico e precisa, de fato, implementar novas medidas para avançar. Entre elas, a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco), a eficiência energética é uma das aliadas estratégicas.
Para além das alterações bruscas de temperatura, outro reflexo das mudanças climáticas é que elas podem ocasionar aumento no valor da tarifa de energia elétrica. Isso porque, na ausência de chuvas, o sistema de abastecimento é comprometido e as termelétricas entram em ação com um custo muitas vezes maior que as outras fontes de energia. Já o calor extremo leva a um consumo de aparelhos de refrigeração em maior escala.
Eficiência energética
Não à toa, a gestão eficiente da energia elétrica é protagonista quando se trata do combate às mudanças climáticas. Entidades como a Organização da Nações Unidas (ONU), a World Wide Fund for Nature (WWF), e o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) vêm afirmando que a adoção da eficiência energética é uma das alternativas para melhor utilizar os recursos naturais, evitar danos e garantir sustentabilidade.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco), Bruno Herbert afirma que investir no uso racional de energia permite reduzir o consumo exagerado, produzir mais com menos e contribuir com o meio ambiente: “O fator sustentabilidade é essencial. A diminuição do desperdício e a possibilidade de o consumidor adquirir energia de fontes renováveis ajudam a combater a emissão de gases poluentes”.
Para ele, a geração de energia sustentável é um dos pilares que, entre muitos outros benefícios, ajudará a reduzir os reflexos preocupantes das alterações climáticas. “Isso significa menos extração de recursos da natureza, redução na emissão de gases de efeito estufa e, consequentemente, dos problemas ambientais provocados pelas mudanças climáticas. Além disso, temos a vantagem de aumentar a competitividade das organizações brasileiras”, afirma.
Gestão eficiente: maior competitividade
O uso racional dos recursos no setor produtivo está cada vez mais atrelado ao aumento da competitividade. Um estudo de 2018 do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) aponta que companhias com operações no Brasil relatam que os impactos climáticos, quando analisados sob a ótica financeira, têm contribuindo com o investimento em soluções que promovem a descarbonização da economia.
Para estas empresas, o enfrentamento da mudança climática representa mais oportunidades do que ameaças para o País, uma vez que investir para materializar essas ações é financeiramente mais vantajoso do que promover a gestão de impactos negativos. “Isso demonstra a importância e potencial de impactos sociais e econômicos da cadeia de eficiência energética para o Brasil”, reforça o presidente da Abesco.
Na avaliação do especialista, as questões ligadas à crise do clima afetam a estabilidade financeira dos negócios e podem estar, direta ou indiretamente, associadas a riscos nacionais e globais. “Por isso, a eficiência energética precisa estar inserida no contexto estratégico das companhias, afinal entre os diversos benefícios já destacados, uma cultura da eficiência energética vai ampliar a competitividade do negócio”, conclui.