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Dia da Indústria: veja iniciativas sustentáveis para alavancar o setor no Brasil - RMAI

Dia da Indústria: veja iniciativas sustentáveis para alavancar o setor no Brasil

Neste dia 25 de maio, o setor industrial relembra seu trajeto na busca pela sustentabilidade, o qual inclui desde mudanças de paradigmas no uso de processos energéticos quanto procedimentos ainda em fase de disseminação, como a elaboração de um inventário de emissão de gases do efeito estufa e uso cada vez mais efetivo das novas tecnologias.

Por Sofia Jucon

A indústria é um dos carros-chefes da economia no Brasil, representando quase 70% da exportação de bens e serviços e 23,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, o setor emprega um quinto de toda a mão de obra no país e ainda responde por 66,4% dos investimentos em P&D. Por ocasião do Dia da Indústria, 25 de maio, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) elaborou uma lista com os cinco principais avanços em inovação e sustentabilidade que beneficiaram a indústria de baixo carbono. Outra área que tem despontado bastante em favor do desenvolvimento sustentável é a da tecnologia. Nesta reportagem vamos conferir as principais iniciativas que estão ajudando o setor industrial brasileiro a avançar com sustentabilidade e competitividade.

Dia da Indústria = mais desenvolvimento sustentável

Segundo a CNI, foi no Rio de Janeiro, em 1992, que, pela primeira vez, os olhos do mundo se voltaram para a necessidade urgente de proteção e conservação do meio ambiente. Foi ali, na II Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida como Rio-92 ou Cúpula da Terra, que ganhou força a discussão sobre um modelo de crescimento econômico mais adequado ao equilíbrio ecológico, o que fez com que o evento se tornasse um marco no debate sobre desenvolvimento sustentável.

De lá para cá, a questão foi cada vez mais se integrando ao DNA da indústria e, especialmente nos últimos anos, tornou-se um vetor de competitividade. A tarefa de descarbonizar a economia virou uma missão para o setor industrial nacional. No Brasil, essa agenda se traduziu em ações que geraram ganhos econômicos e sociais, e que têm contribuído para a transição para a economia de baixo carbono.

“Vemos alguns movimentos acontecerem: o consumidor está, cada vez mais, preocupado com o impacto ambiental dos produtos, ao mesmo tempo em que a escassez de recursos nacionais afeta a competitividade das empresas. Ou seja, são dois fatores que andam juntos. Adotar princípios de sustentabilidade, como respeito à sociedade e ao meio ambiente, promove a competitividade, ao dialogar com os interesses dos consumidores”, ressalta o gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Davi Bomtempo.

O trajeto da indústria nessa busca pela sustentabilidade inclui desde mudanças de paradigmas no uso de processos energéticos quanto procedimentos ainda em fase de disseminação, como a elaboração de um inventário de emissão de gases do efeito estufa. A CNI listou cinco avanços em inovação e sustentabilidade que beneficiaram a indústria de baixo carbono, conheça:

  1. Eficiência energética

A implementação de processos capazes de diminuir o consumo e o gasto com energia é apontada como a principal ação da indústria em descarbonização. Esse processo vem acompanhado da substituição dos combustíveis fósseis por outros com menor índice de emissão de gases do efeito estufa, como etanol. Investimentos em energias renováveis e tecnologia limpa também entram nesse pacote.

Um exemplo de proposta nesse sentido é o Programa Aliança, criado pela CNI, em parceria com a Eletrobras e a Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), por meio do Procel. O objetivo da segunda fase do programa, que está com inscrições abertas, é reduzir em 40 mil toneladas as emissões de gases de efeito estufa e diminuir em R$ 90 milhões ao ano o valor dos custos operacionais.

  1. Reciclagem de materiais

O debate sobre sustentabilidade, por um lado, estimulou a busca por eficiência energética e, por outro, colocou no vocabulário do brasileiro o termo “reciclagem”, e levou às ruas diferentes lixeiras para coleta seletiva do lixo. Um exemplo de sucesso no Brasil é a reciclagem de latinhas. Só em 2021, foram recicladas, no Brasil, aproximadamente 33 bilhões de latinhas, isso significa uma taxa de aproveitamento de 98,7% do material produzido no ano, segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas).

Embora o case das latinhas seja o mais popular, a reciclagem também está presente em outros setores da indústria. O setor de reciclagem animal, por exemplo, é o único que processa 100% de tudo que recolhe. E vala lembrar que cerca de 99% dos resíduos produzidos pela cadeia da carne são coletados, segundo a Associação Brasileira de Reciclagem Animal (Abra). De acordo com a entidade, todo ciclo de produção é pensado em sustentabilidade, pela logística reserva, evitando que estes resíduos do abate animal poluam o solo, o ar e a água.

  1. Tratamento de resíduos

Ainda no ramo da economia circular, o tratamento de resíduos merece destaque pelo viés do coprocessamento. Em linhas gerais, trata-se de um processo em que o próprio resíduo industrial que seria descartado em aterros sanitários é transformado em combustível, especialmente em processos que exigem altas temperaturas em seus processos produtivos.

Uma indústria que dá show nesse quesito é a de cimento. Ao mesmo tempo em que reaproveita o poder calorífico de seus resíduos, o setor elimina o passivo ambiental representado pelo acúmulo deles em aterros ou mesmo lixões. Pelo fato de seus resíduos conterem teores menores de carbono que os combustíveis fósseis tradicionais utilizados pelo setor, como coque de petróleo, eles contribuem também para a redução das emissões de CO2 da indústria. A expectativa do setor é alcançar uma taxa de utilização de 55% destes combustíveis alternativos dentro da matriz energética do setor até 2050.

  1. Mercado global de carbono

Ainda aguardando as linhas gerais que vão determinar sua regulação no Brasil, o mercado de carbono é outro avanço em sustentabilidade que está beneficiando a indústria de baixo carbono mundo afora. Isso porque esse mercado transformou o carbono em uma moeda, em que a lógica é retirar mais carbono da atmosfera do que lançar. A empresa brasileira Kitambar Artefatos e Cerâmicas de Caruaru, em Pernambuco, embora seja de pequeno porte, gera cerca de 41 mil toneladas de créditos de carbono que são comercializados para cerca de oito empresas, incluindo algumas companhias internacionais.

A CNI, no entanto, defende que a regulamentação desse mercado será capaz de trazer ganhos exponenciais para o país. A confederação sustenta que a melhor opção para o Brasil é o mercado baseado no sistema cap and trade, que consiste em definir uma quantidade máxima de emissões de gases de efeito estufa aos agentes regulados e são emitidas permissões de emissão equivalentes. As permissões são distribuídas gratuitamente ou via leilões e podem ser comercializadas entre empresas.

  1. Inventário de emissões de gases do efeito estufa 

Outro processo ainda incipiente, mas em fase de expansão em várias indústrias, é a adoção de um inventário de emissões de gases do efeito estufa. Esse inventário nada mais é do que um raio-x da empresa, que permite o amplo entendimento sobre as fontes de emissão e identificação de quais gases estão sendo lançados na atmosfera. Esse diagnóstico facilita a gestão e a formulação de uma estratégia de descarbonização.

No Rio de Janeiro e em São Paulo, essa espécie de laudo já é obrigatória a depender do porte da empresa. Primeira cidade da América Latina a preparar um inventário, de acordo com a prefeitura, o Rio conseguiu computar seus dados e detectar que, em 2021, reduziu em 14% as emissões de gases do efeito estufa nos últimos sete anos. A meta é reduzir em 20% até 2030, com base nos dados de 2017.

Tecnologias em prol da indústria mais sustentável

Neste dia 25 de maio, em comemoração ao Dia da Indústria, seis especialistas em tecnologia falam sobre novidades e tendências em gestão, logística e automação, e-commerce e publicidade, para o segmento. Confira:

Logística

A chamada inteligência de localização é uma das tendências de negócios que está movimentando uma soma milionária no mundo inteiro. De acordo com previsão da Future Marketing Insights, até o final deste ano o mercado de inteligência de localização atingirá um patrimônio de US $ 18,85 bilhões e, até 2033, ultrapassará a marca dos US $ 81,71 bilhões. “Por meio da inteligência de localização, é possível planejar as rotas e economizar tempo, dinheiro e combustível — sem falar na redução de emissões de gases poluentes. O roteamento inteligente é a solução para alinhar a expectativa dos clientes por entregas cada vez mais rápidas, sem abrir mão da segurança nas estradas”, aponta Fabiano dos Santos, CEO do Grupo Verante, holding empresarial catarinense que administra a empresa Near Location, única do país a fornecer soluções de tecnologia para veículos pesados.

A novidade possui ainda aplicações no agronegócio, otimizando a gestão de recursos por meio da logística interna. Com o mapeamento da propriedade é possível realizar o monitoramento de máquinas e o transporte de insumos e, no ‘porteira para fora’, entram todas as funções de planejamento de rotas e acompanhamento em tempo real que contribuem para evitar perdas.

Gestão 

A automação de processos é umas das principais estratégias para melhorar a eficiência da indústria; ferramentas como ERPs, são fundamentais nesta jornada e contribuem para que as áreas trabalhem de maneira integrada, reduzindo erros e aumentando a produtividade. Um bom sistema de gestão pode revolucionar a forma como a indústria organiza seus processos e realiza suas entregas. E principalmente, gerar a competitividade que precisa para sustentabilidade do negócio. Um ERP integrado, como o WK Radar, desenvolvido pela WK, contribui para redução de retrabalho e tomada de decisões baseada em dados confiáveis, gerando economia, evitando desperdícios e aumentando a eficiência industrial. Na produção, por exemplo, a função de ordens mestras de produção gera ordens de forma automatizada, sem a necessidade de intervenção humana. O sistema avalia os pedidos de venda e a necessidade de produção, cruza essas informações com o saldo de estoque e, a partir daí, gera as ordens, sem criar produtos excedentes.

O tempo de paradas não-programadas e preventivas também pode ser otimizado com o sistema de gestão, haja vista que eles ajudam a monitorar e controlar a produção em tempo real, permitindo que ajustes sejam feitos de forma mais eficiente e rápida. Por meio do ERP nas fábricas e indústrias, é possível também realizar o controle de estoque. Os gestores da planta podem acompanhar em tempo real a entrada de pedidos e as necessidades de produção, realizando a gestão de compras e inventário baseados em dados confiáveis e atualizados. Esse cuidado evita desperdício de matéria-prima, bem como previne gaps na produção por falta de materiais.

Em uma indústria de eletrodomésticos, por exemplo, um ERP possibilita controle dos subprodutos e do tempo de cada etapa/fases da linha de produção e com isso ganhos na qualidade e confiança das informações, principalmente no que diz respeito para calcular custo do produto. Nesse mesmo segmento a WK, atende uma indústria de bebedouros e purificadores. Para fazer as baixas das perdas demoravam um dia. Hoje esta atividade é realizada de forma automática , com a eliminação de mais de cinco planilhas, ou seja, ganho de 100%.

Ativos/Captação de recursos

A digitalização de ativos e a possibilidade de realizar negociações de maneira rápida e segura, tem inaugurado uma nova era na economia. A utilização de tokens pela blockchain para fazer transações já é uma realidade em vários mercados e tem se expandido para a indústria também.

A conversão de serviços ou produtos em certificados digitais é apenas uma das possibilidades que essa nova tecnologia pode proporcionar.

O BizHub, ecossistema de inovação e tecnologia da A&M no Brasil, em uma parceria com a blockchain brasileira Hathor, desenvolveu uma plataforma de tokenização de ativos variados para empresas. Além de digitalizar, esse novo produto também é um ambiente de negociação. A interface final da ferramenta é gerenciada pela própria Hathor.

“Atualmente quase tudo pode ser tokenizado. Nossa ideia é simplificar a entrada de empresas nesta nova tecnologia. Os ativos podem ser variados tanto olhando para IoT (sigla em inglês para Internet das Coisas), como agronegócio ou entretenimento, por exemplo. As possibilidades que esta solução oferece são muito abrangentes”, afirma Tiago Nascimento, diretor de tecnologia do BizHub.

Esses tokens são programados com códigos criptografados, utilizados como representações válidas e virtuais de bens reais. A blockchain é um espaço mais ágil e seguro para negociações que o próprio mercado financeiro tradicional. Ao substituir a intermediação de agentes humanos por códigos criptografados em um ambiente aberto, também consegue ser mais seguro e confiável para trocas financeiras. Com essa funcionalidade, a depender das políticas de cada negócio, os investidores também conseguem participar de mercados de ativos de qualquer natureza, pagando menos e diversificando mais suas carteiras.

Varejo: inovação evita ruptura de estoque e gera dados para o setor

No varejo físico, uma das dores da indústria é evitar prejuízos com a ruptura de estoque no ponto de vendas (PDV). Esse problema acontece quando o cliente deseja o produto, mas ele não está disponível na prateleira. Essas situações geram prejuízo, pois a venda não acontece. A inteligência artificial pode evitar essas situações e ajuda a indústria a tomar decisões para melhorar a experiência do consumidor na hora da compra.

Um exemplo de como funciona a tecnologia é o da Quatá Alimentos, indústria alimentícia que conta com sete fábricas em quatro estados brasileiros. Desde 2018, a empresa usa o Involves Stage, solução de gestão e inteligência para indústria e varejo desenvolvida pela Involves, para reduzir as perdas e aumentar o faturamento. Logo no primeiro mês, a ruptura caiu de 34% para 24% e, no terceiro mês, já havia diminuído para 20%, representando uma queda de 14% em apenas 90 dias.

“O impacto de uma solução que usa reconhecimento por imagem e inteligência artificial gera dados altamente confiáveis. Isso permite rever estratégias e resolver os desafios da ruptura de estoque. O planejamento de reposição de produtos e a produtividade da equipe que atua nessa área são otimizados, assim, é possível focar nos problemas, agilizar a reposição e melhorar resultados”, explica André Krummenauer, CEO da Involves, empresa especializada em desenvolver tecnologia para melhorar a estratégia da indústria e do varejo em lojas, supermercados, farmácias entre outros.

E-commerce

Cada vez mais as marcas industriais estabelecem mercados para além da comercialização B2B (Business to Business, ou seja, para outras empresas), mas investem também em lojas virtuais e oferecem produtos diretamente para o consumidor final. Nestes casos, desafios importantes surgem para a indústria quanto ao e-commerce, como a fidelização do cliente à marca, as formas de organização da logística e gestão integrada de seus processos. Para melhorar a operação, apostam em tecnologias, como os softwares, que aumentam o controle e integram o maior número possível de soluções.

Ao perceber o espaço para tecnologias que otimizem a logística do e-commerce, e indústrias, Fernando Sousa fundou e dirige, junto a outros parceiros de negócio, a startup Boxlink. Na solução, a regra é fidelizar clientes por meio da entrega otimizada dos produtos aliada a utilização do espaço de acompanhamento da entrega para apresentar novas oportunidades de compra para o cliente nas sessões de envio. “Quando a venda é finalizada no e-commerce, as marcas repassam a responsabilidade da entrega para a transportadora. E sabemos que esse momento de espera para o consumidor é de muita expectativa. Qualquer erro ou alteração de rota, a responsabilidade fica para a marca vendedora”, explica o diretor.

Com o software da Boxlink, todos os processos ligados ao envio são colocados em uma única plataforma que carrega a marca da indústria vendedora: acompanhamento do objeto, coleta e análise de dados sobre as empresas de logística mais adequadas à entrega e sobre a operação interna, integrando ERP, e-commerce, marketplace e transportadoras em um único lugar. “Todas as ferramentas chegam no sentido de aumentar o controle da indústria na experiência de envio ou mesmo entrega reversa para seus clientes”, complementa Sousa. Com um bom controle do processo, a entrada na indústria no e-commerce tem grandes vantagens.

Mais eficiência e sustentabilidade para a indústria florestal 

A indústria florestal realiza o plantio de 1,5 milhão de árvores por dia no Brasil. O setor é responsável por gerar um PIB de R$ 244 bilhões por ano, segundo o anuário da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), e tem investido em tecnologia para melhorar os processos da jornada de produção. Hoje, por meio de sensores, hardwares e softwares instalados no maquinário florestal, é possível garantir mais eficiência e sustentabilidade. Planejamento otimizado, execução eficiente, controles de máquina precisos e fluxos de trabalho automatizados são alguns dos resultados.

“Uma preocupação muito grande das empresas do setor é a melhoria contínua. Elas procuram fornecedores de tecnologia com o objetivo de entender o que está acontecendo nas fazendas e o que pode ser aprimorado, seja para garantir resultados mais satisfatórios ou para eliminar os custos desnecessários”, comenta Claudia Garcia, Gerente de Contratos Florestais da divisão de Agricultura da Hexagon, que desenvolve soluções digitais para operações agrícolas e florestais e monitora mais de 5 milhões de hectares de floresta plantada em todo o mundo.

Uma das tecnologias desenvolvidas pela empresa para o setor é o HxGN AgrOn Gestão Operacional. O sistema permite o gerenciamento de informações georreferenciadas das operações florestais e através de um processamento automatizado, apresenta as informações na forma de relatórios com mapas temáticos, gráficos e tabelas exportáveis disponíveis online. “Os ganhos para o gestor a partir do bom uso desses dados são muitos, pois ele consegue saber onde estão os gargalos da operação e o que é possível melhorar”, comenta Claudia.

Publicidade 100% integrada com Retail Media

O cenário do varejo brasileiro está passando por uma revolução silenciosa impulsionada pela ascensão do Retail Media. De olho na oportunidade de acelerar os resultados de venda das indústrias com soluções que atinjam a audiência certa, no momento e canal certo, é que a startup especializada na estratégia Newtail surgiu. A plataforma permite que o varejo venda seus ativos de publicidade diretamente para a indústria, possibilitando que campanhas de publicidade sejam segmentadas e mensuradas de ponta a ponta.

Segundo a empresa norte-americana Statista, a previsão é de que o Retail Media já movimente US$ 168 bilhões globalmente e que deva crescer 22% ao ano. No Brasil, está começando a tomar espaço — a previsão do IAB Brasil é de que o investimento aqui alcance uma receita total de R$2,6 bilhões em 2023. “Com Retail Media, é possível ter diversas vantagens: estar dentro da jornada do consumidor, ter preço variável e poder estar dentro do varejista (on site) ou fora (off site). A mensuração é total, sendo possível fechar o ciclo de conversão em loja física, mesmo quando o impacto foi gerado através do digital”, explica Rafael Amorim, CTO da startup.

A estratégia pode acontecer por meio de diferentes formatos: display on-site (dentro do varejo, com produtos patrocinados, vídeo, CRM) e off site (redes sociais, email, SMS e Whatsapp). Ainda há outros formatos em desenvolvimento, como o Digital Signage, que utiliza painéis eletrônicos em espaços públicos para divulgações, e a Connected TV, que utiliza recursos das Smart TVs como meio para publicidade.

A água no centro das atenções industriais

A água foi essencial para o surgimento da vida em nosso planeta, há aproximadamente 3,5 bilhões de anos, e segue sendo fundamental para a manutenção dela. Nos últimos séculos, passou a ser usada também no desenvolvimento de diversas outras atividades, incluindo a industrial, cujo dia nacional comemora-se em 25 de maio.

Embora o uso da água pelo setor produtivo venha de longa data, foi somente nas últimas décadas que se desenvolveram e disseminaram metodologias capazes de mitigar o impacto ambiental dessas atividades.

Um dos exemplos é a prática de reúso de água por setores intensivos na utilização desse recurso. De acordo com o Instituto Aço Brasil, 96% da água utilizada pela indústria siderúrgica nacional é proveniente de processos de reúso. O aumento desses números nos últimos anos culminou na redução da captação de água e do lançamento de efluentes.

O Instituto Brasileiro de Mineração também revela bons resultados na reciclagem e recirculação de água nas plantas de mineradoras de vários segmentos. Os números podem chegar a até 90% em mineração de ferro, ouro e carvão mineral, por exemplo.

Sistema de tratamento de águas e efluentes industriais Divulgação/Grupo Opersan

 

Menos desperdício, mais economia e sustentabilidade 

O reúso além de primariamente reduzir o lançamento de contaminantes para o meio ambiente e se apresentar como uma das soluções mais sustentáveis para a indústria, também pode contribuir de forma relevante para a redução de custos. Um exemplo de grande consumidor de água nos processos fabris, é o setor têxtil e o de confecção, que tem redobrado a atenção em relação à gestão de seus efluentes, por meio de soluções ambientalmente corretas, de modo que o precioso líquido possa ser devolvido à natureza, reaproveitado nas próprias fábricas e, de alguma forma, volte ao uso útil e não engrosse as estatísticas do desperdício e da poluição ambiental. Nesses casos, o reúso, por exemplo, pode proporcionar economia superior a 70% nos custos com o indispensável insumo hídrico.

A terceirização do processo mostra-se o caminho mais eficiente, econômico e sem riscos de descumprimento da legislação para se chegar a números expressivos. Isso porque este é um serviço altamente especializado, que exige tecnologia adequada e muito know how.

Exemplo da indústria têxtil

Com base nesse cenário, o engenheiro Diogo Taranto, especialista em Gestão e Tecnologias Ambientais e diretor de desenvolvimento de negócios no Grupo Opersan,  informa sobre a dinâmica do tratamento de água e efluentes na Indústria Têxtil:

1 – Onde estão os maiores pontos de consumo de água nos processos fabris de fios e fibras têxteis e confeccionados (incluindo estamparia e tingimento)?  

Os maiores pontos de consumo estão nos processos de tingimento, lavagens e acabamentos, bem como a possibilidade de aplicação de águas em diferentes qualidades para beneficiamento do tecido.

2 – Onde há maiores oportunidades de melhorar estes processos fabris para que economizem este recurso natural, tornando a produção mais sustentável?

Além de investimentos em infraestrutura mediante o uso de equipamentos mais sustentáveis no uso racional da água nos processos, há também exemplos de redução mediante o uso de corantes que requerem menos água em suas formulações e preparos antes da aplicação.

Fora dos processos, sempre deveria haver a análise de que se algum recurso hídrico pode ser descartado, poderia ser aplicado em um processo menos nobre, realizando assim um reúso direto.

3 – Em quais regiões brasileiras há um consumo maior de água nos processos fabris do têxtil e confeccionista? E em quais delas há uma proporção maior de práticas para reduzir e tratar a água?  

Dentro do nosso espectro de conhecimento, os processos fabris no Brasil seguem uma mesma linha de consumo de água e recursos naturais, quando comparamos os diferentes segmentos da indústria têxtil.

Por exemplo:

Na região Nordeste, com uma maior concentração de lavanderias e indústrias têxteis do ramo de jeans que possuem determinados processos e geração de efluentes líquidos específicos deste segmento; e na região Sul mais focado em tecidos, malharias e couro, que possuem outras características.

Na região Nordeste, em virtude da escassez hídrica, as práticas de reúso são mais comuns.

Na região Sul por possuir mais abundância hídrica praticamente não se realiza o reúso de efluentes e da água.

4 – Quais são os maiores avanços em termos de educação ambiental e uso eficiente da água por parte das empresas do setor têxtil e confeccionista? Há um aumento na procura por parte das empresas com o fortalecimento da agenda ESG? E, no caso, mais pela consciência ou por multas ambientais? 

Houve avanço, mas ainda muito pequeno comparado ao potencial que as indústrias poderiam chegar em se tratando da abordagem e da implantação de sistemas mais eficientes de tratamento e produção de água de reúso.

Houve também pequenos avanços de cunho fiscalizatório, na intensificação e fortalecimento dos órgãos ambientais.

Na realidade é que muito se fala, se vende de sustentabilidade, mas pouco se aplica.

A indústria têxtil é um setor muito competitivo, com imensa pressão de custo e, na visão do empresário, o tratamento de efluentes é um, se não o principal custo. Portanto, melhorar a qualidade de seu efluente além do exigido na legislação ou fazer reúso investindo em tecnologias não é prioridade quando se tem a disponibilidade hídrica de um rio às margens de suas fábricas.

5 – Crise hídrica e escassez de água se tornam cada vez mais presentes no Brasil, que pode vir a sofrer consequências mais danosas neste aspecto. As empresas do setor têm consciência desta questão? As que sim, estão se preparando de que forma? 

A crise hídrica e escassez de água ocorre somente em determinadas regiões do país. Nesses locais, como nos polos industriais do Nordeste, entendo que já há um movimento do setor na busca de alternativas.

O que falta é mais incentivo ao reúso, sejam eles regulatórios, fiscais e sociais, para que o motivo do uso consciente do recurso hídrico não seja somente a escassez, mas que seja pela redução de um imposto, pela obrigatoriedade de aplicar um percentual de água de reúso no processo, reduzir a captação de recursos nobres que abastecem a população, entre outros.

6 – Em geral, estas preocupações com o uso e manejo de recursos hídricos vêm por parte de empresas de grande porte. Como as pequenas e médias empresas do setor têxtil e confeccionista podem incluir estas práticas em seus processos e contribuir para a redução do uso de água e redução da poluição deste recurso natural? Qual o papel das políticas públicas para incentivar as empresas a adotarem práticas mais sustentáveis em recursos hídricos?  

Todas as indústrias, de diferentes formas podem contribuir para o uso sustentável dos recursos hídricos.

Não é uma regra que grandes empresas tenham maior preocupação com relação ao manejo de recursos hídricos. As tecnologias para tratamento e produção de água são modulares e podem se encaixar de acordo com os diferentes portes de empresas. É muito mais relacionado com a conscientização e com os incentivos do que com a disponibilidade de recurso financeiro.

 

Foto abertura: Agência EBC

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