Início » COP27 será a da implementação? Debates e negociações precisam sair da fala e ir para o ato
COP27 - RMAI

COP27 será a da implementação? Debates e negociações precisam sair da fala e ir para o ato

Entre as expectativas, mesmo sem ser novidade, não deixa de ser impactante a fala do secretário-geral das Organizações das Nações Unidas (ONU), António Guterres, no início da COP27: “O mundo está em uma estrada para o inferno climático com o pé no acelerador”.

Por admin

Quando todos esperávamos que o planeta começasse a se reerguer dos efeitos da covid-19, avançando na transição energética e no enfrentamento das mudanças climáticas, a guerra da Ucrânia, desde fevereiro, jogou mais incertezas sobre um cenário que dava sinais de que tudo iria caminhar de forma mais acelerada.

Ainda assim, a Conferência das Partes de 2022 começou com a expectativa de ser a “COP da Implementação”. Após tantos debates e negociações, ficou evidente que não é mais possível apenas discutir; é preciso agir mais, e imediatamente. Neste sentido, uma pequena vitória para os países pobres – os que menos poluem e mais sofrem com os danos ambientais – ocorreu logo no primeiro dia do encontro, com a inclusão do financiamento a ‘perdas e danos’ na agenda oficial. Foi a primeira vez que isso aconteceu em uma COP, ainda que sem garantias de um acordo financeiro efetivo nesse sentido, não deixa de ser representativo.

António Guterres, secretário-geral das Organizações das Nações Unidas (ONU), alerta para a urgência das ações práticas

 

 

Expectativas com a COP27

 

Também esses primeiros dias de COP27 deixaram claro que os países ricos continuam falando mais e fazendo menos. Desta vez, porém, foram cobrados com mais afinco. Os países em desenvolvimento deixaram claro que estão muito dispostos a contribuir com as medidas de mitigação dos impactos ambientais e com a agenda climática. Mas, para isso, precisam de apoio financeiro. E querem o que parece óbvio: que quem mais contribuiu até o momento para a crise pague para quem está sofrendo mais com ela. Um caminho para a justiça climática.

Se os discursos políticos dos primeiros dias se mostraram bastante afiados, a COP27 entra agora em sua fase de debates – e decisões – mais direcionadas a assuntos específicos, e com maior participação do mundo corporativo e de organizações não-governamentais. Nos próximos dias, terão destaque temas como a proteção de florestas; a descarbonização; a transição energética; questões indígenas e de gênero; juventude; e empoderamento da sociedade civil. Também é esperado que mais setores econômicos e empresas anunciem planos – espera-se que sejam ambiciosos – para mitigar danos.

 

NDC brasileira

 

E o Brasil? O país, ao que tudo indica, deve voltar a protagonizar as decisões sobre o futuro ambiental do planeta. O período de transição política do país indica um maior alinhamento com a agenda climática, que impõe uma série e desafios para que o país possa cumprir sua NDC (sigla em inglês para Contribuição Nacionalmente Determinada) e os compromissos de zerar o desmatamento ilegal e de redução de metano. O fato de o país se dispor a criar, em parceria com a Indonésia e o Congo, uma espécie de “Opep das Florestas”, é um bom indicativo.

Contudo, ainda faltam regras para um mercado de compensações global, que possa, inclusive, ser acionado para estimular ações de mitigação em países em desenvolvimento, acelerando os planos para se atingir o net zero até 2050. As oportunidades são claras e estão em todos os cantos. Espera-se que a COP27 destrave as diferenças e rompa em definitivo as barreiras que ainda impedem que boas ideias se concretizem.

 

Fonte: WayCarbon

Notícias relacionadas