A criação de clubes de negociação internacional de aço verde, que reúnam ofertantes e potenciais compradores, num contexto de cooperação internacional, é estratégica para a descarbonização do setor. Essa foi uma das principais conclusões do webinar A descarbonização da indústria siderúrgica no Brasil: uma perspectiva ganha-ganha de cooperação entre o Norte e o Sul global, que o Instituto E+ Transição Energética realizou nesta quinta (21), na Climate Week NYC, do Climate Group.
O evento contou com a participação de diversos especialistas na área: o diretor da Agora Energie, Wende Frank Peter; o subsecretário de Promoção de Investimentos e Cadeias Produtivas da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Frederico Amaral e Silva; a líder de campanha da SteelWatch, Margaret Hansbrough; o gerente geral de Sustentabilidade da ArcelorMittal, Guilherme Abreu; e a Secretária-Executiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Verena Hitner Barros. A moderação foi da diretora-executiva do Instituto E+, Rosana Santos.
No radar da descarbonização
“Esses clubes podem ser ambientes de negociação de produtos industriais verdes entre empresas brasileiras e estrangeiras, funcionando como um atalho entre oferta e demanda na área, e ajudando a resolver o dilema de ovo e galinha do processo”, explica Rosana. No evento, ela também destacou a importância da cooperação global entre os blocos econômicos para viabilizar a descarbonização. “A demanda e a oferta têm de sentar junto para discutir, os governos e a sociedade civil também. Nada vai acontecer sem uma cooperação global entre Norte e Sul”, disse.
Na avaliação de Peter, a indústria siderúrgica – hoje baseada principalmente no carvão mineral – pode passar de um setor difícil de abater emissões para um setor ágil nesse processo, uma vez que as tecnologias já estão disponíveis. Citando estudo recente da Agora (https://www.agora-energiewende.de/en/publications/15-insights-on-the-global-steel-transformation-1/), ele lembrou que a cooperação entre exportadores e importadores de aço pode ser benéfica para ambas as partes, uma vez que tende a aumentar os ganhos dos primeiros e a competitividade das cadeias produtivas como um todo.
Mas a neutralidade em carbono ainda enfrenta o desafio do custo elevado, como alertou Abreu, da ArcelorMittal, inclusive porque o custo do hidrogênio verde ainda é muito superior ao “preço dos sonhos” de US$ 1,5 por tonelada. Nesse contexto, destacou que o gás natural deveria ser considerado na transição para a produção mais limpa, bem como a captura e estocagem de carbono e o uso de biomassa.
Aço verde
Verena, da CNDI, lembrou que a reversão da desindustrialização do país está entre as prioridades do governo, com foco na inovação e descarbonização. Neste sentido, convidou os participantes para contribuir em consulta pública do Ministério da Fazenda sobre taxonomia verde – que deve justamente ser usada para guiar os investimentos voltados para a descarbonização da economia brasileira –, bem como para workshops voltados para tal processo nas diferentes cadeias produtivas que devem ser realizados em outubro.
Silva, do governo de Minas Gerais, por sua vez, afirmou que o estado está comprometido com a produção de aço verde para se tornar um dos principais players no segmento, e que está analisando todos os setores da atividade econômica em termos de redução de emissões. Além disso, Margaret, da SteelWatch, destacou que o Brasil deve surgir como um líder global na área de aço verde e que os países do Norte têm responsabilidades nesse processo, como investimentos em tecnologia, entre outros.
O evento completo está disponível em https://drive.google.com/file/d/1Y1YvnCtNZP51MfVeAup9aqexFwKEmUcR/view?usp=sharing