Com temática “Cooperação em um mundo fragmentado”, o Fórum Econômico Mundial, que acontece entre 16 e 20 de janeiro, em Davos, na Suíça, reúne mais de 2.500 líderes de governos, empresas e sociedade civil para uma série de debates com foco em impulsionar soluções voltadas para o futuro, além de enfrentar os desafios globais mais urgentes em cooperação público-privada. No evento, o Brasil tem entre seus representantes Fernando Haddad, ministro da Fazenda; e Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, que alinharam a mensagem da união das agendas de economia e sustentabilidade.
As reformas econômicas no Brasil caminham junto com os objetivos de sustentabilidade. Esta é uma das principais mensagens que o governo federal está passando à comunidade internacional durante o evento. No primeiro dia, 16/1, Haddad defendeu a retomada do crescimento econômico aliada à sustentabilidade fiscal e ambiental. De acordo com ele, o Brasil pode contribuir muito no crescimento aliado à sustentabilidade e está preparado para assumir o lugar que a comunidade internacional espera do país. “A sustentabilidade ambiental ganhou uma dimensão na qual o Brasil tem muito a oferecer, não apenas em termos da retomada dos compromissos históricos, com o combate ao desmatamento e o uso de energia renovável, mas, também, na pauta do desenvolvimento”, afirmou o ministro.
Sustentabilidade integral
Em seu primeiro painel em Davos, Marina Silva explicou que “a sustentabilidade não é só economia ou ambiental”, mas também “social e política”. Por isso, é preciso que os governos sejam “eticamente constrangidos” para agir em momentos difíceis, como no caso do aumento do desmatamento. Em sua participação, dia 17, a ministra cobrou o compromisso das nações desenvolvidas de repassarem aos países em desenvolvimento US$ 100 bilhões para a proteção ambiental.
Nestes termos, o Brasil tem um longo caminho pela frente. Com uma conduta marcada pela degradação ambiental e do seu ecossistema, é esperada uma mudança para os próximos anos. Desde o início dos anos 2000, o acelerado processo de desmatamento do cerrado, que ameaça a oferta de água e a geração de energia no país, coloca também em risco as comunidades tradicionais da região, que, na maioria dos casos, não foram reconhecidas como tais.
Dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), mostram um crescimento de 23% nos índices de desmatamento da Amazônia em novembro, o correspondente a 590 km² da floresta. Com isso, no acumulado do ano, 2022 desponta como a pior taxa dos últimos 15 anos. Em meio a recordes negativos, o Pará lidera a lista dos estados que mais devastaram a região amazônica no período analisado, o que representa quase metade (47%) do desmatamento total durante o mês de novembro.
Para Fernando Silva, CEO da PWTech, startup de purificação de água contaminada, o desmatamento de florestas está estritamente ligado às atividades humanas. “O aumento das atividades econômicas, devido ao processo de globalização, e o desenvolvimento de novas tecnologias, têm aumentado esse processo de forma descontrolada em algumas regiões. Atualmente, áreas ocupadas por florestas vão dando lugar à agropecuária, à mineração e à urbanização e, excluindo populações nativas da área visada”, explica o especialista.
Agenda Verde
O governador do Estado de São Paulo Tarcísio de Freitas também esteve em Davos em sua primeira missão internacional visando atrair investimentos estrangeiros para o estado e a apresentar a agenda de desenvolvimento com bases sustentáveis, reforçando o compromisso do governo de São Paulo com o protagonismo na Agenda Verde.
A Agenda Verde que o governo apresentou no Fórum Econômico Mundial é focada na transição energética, hidrogênio verde e etanol de segunda geração. “Com isso, o estado busca fortalecer ainda mais a matriz energética de São Paulo, que é a mais limpa do Brasil e uma das mais limpas do mundo, com cerca de 60% de participação de fontes renováveis”, informa Tarcísio Freitas.
Em sintonia com o alinhamento econômico e ambiental do governo brasileiro e representantes do setor produtivo, o Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB) reforça que para vislumbrar o futuro é preciso que as empresas tratem com urgência as questões ambientais.
“A partir das discussões do Fórum Econômico Mundial, mais uma vez, temos a oportunidade de reforçar que as empresas do mundo todo precisam estar atentas ao impacto ambiental que geram com seus produtos e serviços. Não é possível mais se descuidar do meio ambiente, precisamos preservá-lo para as próximas gerações. Reforçamos também que ESG não é custo, ao contrário disso, não olhar para os aspectos que envolvem a sigla pode resultar em prejuízos”, comenta Daniela Garcia, CEO do ICCB, destacando que o assunto precisa estar nas práticas do cotidiano dos negócios.